A Treta do Lugar no Avião: Um Marco para Repensar o Marketing

Por contento

Tem tanta coisa para falar sobre a treta envolvendo Jeniffer Castro que chega a dar desânimo. Mas hoje quero focar no que ela me toca profissionalmente, como jornalista e comunicadora.

Não é só o volume de opiniões rasas e julgamentos contra a mãe da criança — que sequer gravou ou publicou o vídeo. O que realmente choca é ver grandes marcas, atendidas por grandes agências, pagando para explorar a situação sem ao menos checar os fatos e promovendo a imagem de alguém que, desde o início, sabia estar se aproveitando de um caso controverso.

Isso não é apenas uma falha de narrativa; é um exemplo explícito de como marcas, agências, profissionais e clientes precisam repensar estratégias e processos comunicacionais.

O Que a Treta do lugar no avião escancara sobre o Marketing?

1. Emoção e Identificação Engajam

O caso viralizou porque era uma narrativa humanizada — uma situação real que gerou identificação para diversos lados. Isso é uma aula sobre como o marketing se beneficia de histórias que tocam na emoção, e tá tudo bem querer surfar essa onda. Só que histórias reais pedem cuidado ético e checagem dos fatos, e esse é um dos motivos pelos quais defendo o papel do jornalismo também no marketing. 

2. Velocidade Não Substitui Estratégia

A resposta ao que viraliza precisa ser rápida, mas nunca precipitada. O que vimos com a campanha promovendo Jennifer foi um exemplo, podendo colocar uma marca nacional em uma posição constrangedora e contrária aos valores de empoderamento feminino que ela mesmo promove.

3. Posicionamento Não Pode Ser Volátil

Marcas precisam alinhar ações ao discurso. No caso em questão, a empresa não apenas ironizou uma situação inexistente de forma oportunista e manipuladora, como desrespeitou publicamente a mãe e a criança, ou seja, boa parte do seu próprio público. 

4. Ética Não É Negociável

Narrativas polarizadas são bons meios de engajamento, mas ações de marketing sem ética podem afetar consideravelmente a fidelização e a credibilidade. Marcas precisam entender que segmentação e personalização são ferramentas de impacto, mas só funcionam em longo prazo se alinhadas a valores consistentes e responsabilidade.

O Papel das Marcas e das Agências

Se você é cliente de uma agência de comunicação, converse abertamente sobre estratégias que tragam resultados sem ferir ou explorar ninguém. É possível criar campanhas espirituosas com ética, entregando conexão real com o público.

Afinal, comunicar não é apenas vender; é construir pontes, gerar valor e, sim, eventualmente saber cocriar em pleno voo.

 

 Foto: Reprodução Internet